Desatinos...

Este é o meu terceiro lar, meu refúgio... Onde juntoletras e tento traduzir sentimentos. É um lugar de saudade, pois sempre falo com uma certa dose de nostalgia, na verdade sou um pouco antiquada com ares de pós-moderna...

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

O tombo

Acredita que eu cai...uma rapidez incrível. Feito fruta madura. Centro lotado, confusão de gente indo e vindo, uma calçada alta, um pé que entortou e eu no chão de joelho... nessas horas há sempre alguém que ri da desgraça alheia. Mas para mim, havia alguém que me estendeu a mão, me ergueu, ofereceu ajuda, queria me levar ao hospital. Seu nome era Ricardo e eu não o conhecia. Tinha um olhar tão bonito, claro, bondoso e simples. Ricardo salvou o sentido do natal para mim. Estava meio indiferente a essa coisa bonita de ajudar o próximo. A dor era tão grande e ele segurou minha mão. Obrigada Ricardo.
Depois eu ria e chorava. Minha irmã não entendia. Eu falava do tombo. Eu chorava e ria. O pé tá enfaixado. Mas quer saber, me sinto feliz com o pé latejando de dor.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Sem vírgulas


Sem pausa para pensar em nada
É assim sem parar
Descontrolada
Aflita
Sangrando
Desembestada
Toda palavra liberta o pensamento
O sentimento não tem freios
Paixão não precisa de vírgulas

Já o amor tem vírgulas, reticências e até ponto final.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Cafuné

Não tinha máquina à mão, mas minhas retinas fotografaram aquele momento. Revelo e gravo na memória. Você dirigia em silêncio, o sol ainda fraco refletia em seu rosto uma cor amarela tão bonita - era você radiante e triste.
Coloquei a mão em sua nuca, fiz carinho... Você sorriu e disse "É capaz de eu diminuir a velocidade só pra você ficar me fazendo cafuné".

Cheguei atrasada. Correria, pé doendo, fura fila, outra fila... Se tivesse atrasado um minuto perderia aquele vôo. [ah, o danado do cafuné]

Sentei ao lado de uma senhora falante de 61 anos. Seu rosto parecia o google maps. Ela falou: "Não sou preconceituosa com minha raça branca, mas nós envelhecemos bem mais rápido que os negros".
Tirei os óculos escuros e fiquei atenta a seu comentário. Em seguida, me falou dos cremes que usava em vão e seu sonho em fazer uma plástica.
A vaidade daquela velhinha fazia um longo caminho entre os traços marcados de seu rosto.. logo esse blablá me fez colocar os óculos no rosto.

Cheguei.

Na minha mala estava escrito numa etiqueta gigante - "Última de BSB a Fortaleza". Foi uma das primeiras a passear pela esteira. [lembrei do clichê "os últimos serão os primeiros"].

Outra correria rumo à rodoviária.
Mala pesada, taxista velhinho que dirigia a 20 Km/hora... Eu pensava "vai que é para você perder o ônibus de 13h... vai que ocorre um acidente com ele..". Não reclamei.

Ônibus na plataforma, três minutos para sair.
Eiiiiiiiiiiiiiiiiii eu vou nesse busão.
Consegui.
Cheguei.
Não acredito.
Ufaaa

Valeu à pena o cafuné?

domingo, 7 de novembro de 2010

Alguém que atenda

Há coisas que magoam.
Não dar ouvidos é uma delas.
Do outro lado da linha, distante do meu mundo.... muito longe de tudo....
Não escuta
Uma chamada interrompida, sequências de toques ignorados
Não liga

Preciso de alguém que atenda.
- Alô!

terça-feira, 26 de outubro de 2010

É cedo ou tarde?

Já reparou?
Que o abraço pode funcionar como uma desculpa sem palavras?
Pensei nisso ao ver o primo da minha sobrinha lhe dando um abraço após uma birra entre os dois.

Ele, que jogou o kit de beleza dela no chão, se recusava a pedir desculpas.
Ela, que revidou com um tapinha, já tinha pedido desculpas, mesmo se sentindo injustiçada.
O menino não disse nada. Cruzou os braços. Emburrou.
[Para algumas pessoas, mesmo as pequeninas, é difícil pedir desculpa]
Logo, o abraço trouxe leveza a essa palavra que saiu da boca do menino acompanhada de um beijo na bochecha da garotinha.

Veja bem, eu já não tenho vinte e poucos anos... Mas quando menina-adolescente-e-mulher calei muitas desculpas e não dei abraços para que tudo ficasse mais fácil.

Então...

Desculpa se eu errei, se parti seu coração, se não disse as palavras certas, sonhadas, desejadas, palavras presas no pensamento, abafadas na timidez... desculpa se eu não soube compreender seu gesto de carinho, suas falhas, sua covardia... desculpa todas as vezes em que fui egoísta, neguei o beijo, não liguei, não disse adeus na despedida, não respondi os e-mails, não guardei todos os bilhetes.... desculpa por não ser quem você pensou, por alguma mágoa eventualmente causada...desculpa meu medo, toda a tolice da juventude, os exageros dos meus poucos anos, desculpa até os gritos que silenciei e guardei dentro de mim, num canto escondido e que se transformaram numa palavra feia - ressentimento. A impressão que tenho é que já é tarde. Mas, tarde não é o mesmo que definitivo. Desculpa também meu silêncio quando você precisava de palavras.

Só não posso me desculpar por ter magoado quando foi preciso, por reagir à injustiça, por ter cuspido o amargo e por desprezar o que me fazia mal.

Já reparou?
É que as palavras também abraçam...

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Dia de Emanuela

Manú 

É comum me perguntarem: - Ela é sua?
Eu poderia dizer que sim.
Ela é minha graça, minha alegria, a companheira que nunca me abandona. Minha alma gêmea infantil, minha afilhada, minha amiga, minha amorela... Manú é tão, mas tão bonita... e não é só porque ela tem essa pele branca macia, os cabelos lisos e brilhosos, a boca rosada, o sorriso meigo e o olhar de vaga-lume... ela é uma menina inteligente, esperta, mas sem aquele ar precoce de menina-adulta. Manú é muito doce. Não admite que ninguém fale mal dos outros na sua frente, ela também tem coisas muitos engraçadas, como seu sotaque de televisão... Manú é puro amor e hoje faz sete anos que ela alegra nossas vidas.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

minúscula

concentração. .respira mais um pouco...
há um sinal de interrogação preso em minha garganta, uma agonia semelhante à espinha de peixe. tô com preguiça de detalhes, impaciente com tudo que é certinho, arranjado, ideias prontas, conceitos-pré... hoje estou minúscula. não quero caixa-alta. agora vou escrevertudojuntoparaembaralharopensamento sol ta essa ideia boba. agora você tem que arrastar o botão esquerdo do rato TUDO MUDA... CAIXA ALTA GRITA   voltei para baixo. sussurando. saio calada.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Intimidade

A intimidade é uma ameaça doce e perturbadora [às vezes constrangedora]. É capaz de selar uma união ou de cavar abismos cada vez mais profundos... A intimidade tem pacto com a convivência - aquele lance bacana de completar frases do outro, cortar a casca do pão, colocar a cerveja no copo na medida certa, sorrir de uma situação ridícula ou vexatória, etc. Eu queria chegar ao ponto de intimidade em que meu silêncio não o incomodasse. Seria perfeito. Às vezes eu não penso em nada, ou penso muitas besteiras, coisas que não quero falar... Ficam caladas no pensamento. É isso, a maioria dos meus pensamentos é muda. Mas ele teima em escutar... Outro problema da intimidade é a expectativa. A pessoa pensa que conhece tanto a outra que sempre espera que ela tenha as melhores sacadas, diga coisas originais e interessantes, frases engraçadas, apaixonadas, inteligentes e encantadoras... De repente sai da boca um sonoro balde de água fria traduzido em palavras desconcertantes. Frustração na veia é broxante mental. É a vida mostrando que, como diria Caetano, "de perto ninguém é normal".

Nota.: Procurei uma imagem para esse post. Mas não encontrei nada. No processo cheguei a uma conclusão: que bizarras são as fotos de animais demonstrando sentimentos. Tem muitas por ai. Ursos coalas, pinguins, cães, lagartos e gatos meigos... tão mais assustadores.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

As escolhas que não fazemos

Pode chamar de destino, carma, qualquer coisa... Existe algo superior ao que planejamos. Acontecimentos que determinam os rumos que não foram escolhidos por nós. Pode ser uma doença, novo emprego, um nascimento (não planejado), uma morte (desoladora). Tudo pode mudar, a qualquer instante. Lembro de uma carta do tarô, a Roda da Fortuna, ela exemplifica bem essa transformação, dolorida ou desafiadora. Mudar de ideia ou atitude não significa desistir de um sonho, isso é apenas uma forma de adaptação. Mas nem sempre é necessário um fato sério e/ou externo para mudar o que planejamos. Não agir também é determinante. Quando uma escolha passa do ponto, dificilmente haverá outra chance. É irreversível, creio nisso. Eu acordo todo dia diferente de ontem, embora faça coisas iguais. Algo que me interessou no dia anterior, pode não exercer o mesmo fascínio amanhã. Por vezes, e não falo da influência temperamental dos hormônios, as pessoas que amo me parecem detestáveis. Isso é absolutamente assustador. É preciso calma e compreensão para não colocar os defeitos acima das qualidades. Acho que esse é o segredo dos bons relacionamentos. [tudo pode ser bem menor do que você sente ou imagina]. Quando vejo casais que já não conversam, imagino que eles estão sentindo, se não se suportam, se o cheiro do outro incomoda, até mesmo a voz. Deve ser ruim superdimensionar os defeitos alheios. Mas olha só, eu escrevia sobre as mudanças que não são determinadas e já estou falando sobre relacionamento.
Não, não fiz essa escolha.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Inspira a ação













Ah, se você soubesse...
O tanto de vontade que trago guardada...
Que o medo, apesar de grande, não abala... Que isso tudo não pode ser medido, questionado, explicado... 
Se você soubesse... Que dou gritos silenciosos que estremecem tudo aqui dentro... Se você ouvisse, será que se assustaria?

Ah, não teria jeito...
Se você enxergasse o encanto dos meus sonhos, ficaria preso nessa teia alucinante.
e não ia embora nunca mais.
Viria pra junto de mim.

O que te inspira?
O escrito acima, não tem a ver com o filme Before Sunrise (Antes do Amanhecer, 1995) que ilustra esse post. Mas esse filme é um dos meus prediletos. Mostra, de forma extraordinária, a paixão surgindo entre um homem e uma mulher. Os diálogos são incríveis e química entre a francesa Céline e o americano Jesse é tão perfeita e natural que hoje me inspirou..

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Divagações

Revirando rascunhos em busca de idéias em fase de gestação ou idéias concebidas precocemente... Não sou mais aquela que escreveu.
Ao me ler não me reconheço. Descubro outra pessoa, às vezes bonita, às vezes arrogante, ou só boba, delicada e repetitiva.
A infância tão bem vivida surge em muitos posts.
A vontade de romper e o desejo de mudança que se transformaram em novos planos, novas palavras como Construir. Liguei o módulo adulta, mas não desliguei o de menina.

....

Escuto o barulho das máquinas rodando a informação perecível. São mais de 23h. 
O que estou fazendo aqui?




quarta-feira, 21 de julho de 2010

Véspera

A palavra véspera é irmã da ansiedade. Seja lá o que for, sempre que usamos "véspera" anunciamos algo importante que está por acontecer. O resultado, o casamento, o nascimento, a estréia...

As mãos podem suar gelado, borboletas imaginárias fazem vôos rasantes no estômago...

Queria ser indiferente a essa palavra.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Váááários anos...

Descobri que, às vezes, eu não sei direito como conjugar o verbo.
Isso acontece em alguns momentos... 
Lance de passado, presente e futuro. [Não se trata de confusão gramatical]. 
É que há pessoas e momentos que não se encaixam direito no meu passado [Ou será que sou eu que não me encaixo direito no presente?]. 
Elas foram, mas continuam. 
A criança que vive em mim nunca vai embora.
....


Ontem foi meu aniversário.
Completei váááários anos. Apesar da data, ontem foi um dia quase comum (prefiro assim). 
Quando penso nos vááários anos, me dá uma espécie de "urgência" ...Como se diversas sirenes soassem ao mesmo tempo.


As coisas não aconteceram como planejei aos 15 anos.
Acontece.


Senti falta de vozes, senti falta de abraços... do telefonema à meia noite.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Acho que o tempo é de coisas novas

Gosto de praticar o desapego.
Me envolvo até o ponto em que a vontade parece estar cimentada.
Daí vem a erosão me mostrar que não é bem assim.
Que nada é insubstituível.

Dói menos deixar partir.

Eu posso até olhar para trás, revisitar manias, certos vicíos... mas largar não é tão dolorido. E pra ser sincera, às vezes é um alívio.

Morro e renasço com certa frequência.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

???

Eu queria escrever uma coisa para não esquecer.
Escrever é dar forma às ideias
...Mas esqueci o que ia dizer.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Difícil

É tão difícil quando a saudade se transforma em agonia, a distância em ausência e o carinho em quase nada.

É tão difícil suportar o nó que se forma na garganta do não-querer...

Agora me diz, como posso conter os pensamentos sombrios que se alimentam da falta de palavras?

Ando tão assim, meio parada e presa, meio zonza e insone... 
meio não-sei-o-quê

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Sem noção

No intervalo entre uma pergunta e uma resposta, imagino como seria se eu falasse tudo o que penso. É que somos omissos com nossas impressões e comedidos em respeito ao próximo. Acho que tem relação com uma política de boa convivência. Fomos criados para calar opiniões e ouvir o convencional. Quando me perguntam "tudo bem?" A resposta sai automática sempre numa afirmativa [não quer dizer que seja verdadeira, virou cumprimento].  

As pessoas não estão prontas para ouvir o quanto são tolas e pretensiosas. Não me interessa se a roupa está feia, o cabelo ensebado, a maquiagem cafona e o hálito fedido... Não falo de coisas óbvias ou fúteis, e sim das pessoas que são inconvenientes, metidas e idiotas. Também não falo da facilidade ‘espontânea’ daquele tipo de gente que costuma comentar o quanto as outras pessoas estão gordas (sempre assim, com tom de espanto ou desdém). 


Pensando nisso, eu reflito sobre o que é ser “sem noção”. Muita gente acha que ser "sem noção" é justamente sair falando o que dá no pensamento, quando as palavras não desviam pela razão e saem direto pela boca sem respeitar nenhum sinal de ponderação. Não devemos condenar as pessoas por sua extrema sinceridade.

Deveríamos sim, rir de coisas fajutas, ‘desconsertar’ com sarcasmo, a hipocrisia alheia, a falsidade e a bajulação. Por isso me dou tão bem com pessoas críticas e ácidas, prefiro ter amigos assim aos 'bonzinhos' e melosos. Prefiro mil vezes os que discordam do discurso 'politicamente correto', e que defendem idéias que tantos outros julgam absurdas. O humor dos americanos segue um pouco essa linha - daí minha preferência por personagens como o Sheldon (Big Bang Theory) e Dr. House (seriado homônimo).

Eu considero "sem noção" [de ridículo], as pessoas que 'arrotam' uma inteligência perecível. São especialistas em 'porra nenhuma'. Colecionam clichês e se consideram originais. Alguém deveria criar uma coletânea de orelhas de livro (obra completa em variadas áreas do saber), talvez fosse possível publicar em fascículos (para ficar mais levinho). Assim elas poderão falar da obra de fulano de tal, do estilo de tal cineasta, das raízes do samba de roda, influências de determinado artista, astrologia, astronomia, moda e artes etc... Claro, tem que entrar em jogo os aspectos cotidianos, "hoje vou puxar um ferro", "vou tomar café e pensar na vida", [nem precisa ter 140 caracteres] afinal ser cult o tempo todo fica chato né!

Alerta: quando alguém puxar assunto e falar sobre algo que você não conhece, descarte... Mude de assunto ou peça socorro ao Pensador ou Wikipédia.

Está cheio de gente ‘Sem noção’ nas mídias sociais - encontram terreno fértil no Twitter.

Faz-me rir (de pena).

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Assim, assim

Chegamos ao meio.
Amanhã já é junho,  início do meu inferno astral.

Mês de definições: resultado que espero ansiosamente [uma nova avaliação para me manter no emprego].
Essa agonia tem me consumido há um bom tempo... quero ler outras coisas que não sejam livros técnicos e apostilas.

As ruas estão cheias de patriotismo. [Me lembra a infância, esse amor verde-amarelo]. Lembrei do filme "O ano em que meus pais saíram de férias" - Recomendo

Ah, mês que vem eu escrevo de novo.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Suspiro abafado

Ter um blog é uma forma de dividir com outros olhares, uma percepção de mundo. Às vezes é pura exposição. Noutras é invenção. Em suma é um divã em que os dedos relaxam sob o teclado. Simples assim. Será?

É confuso quando outras pessoas se sentem incomodadas com a intimidade exposta. Sobretudo se suas feridas e falhas são retratadas. As palavras têm poder de narvalha, um colírio ácido que deixa a visão turva, um líquido que invade a corrente sanguínea e pode causar hemorragia... É preciso calar para estancar esse desassossego. Para mim, sempre foi uma forma de colocar pra fora o que me incomodava, vomitar mágoas através de posts sempre me fez um bem danado. Confesso que acho meus posts tristes, os mais bonitos. (Às vezes, a gente esquece que outras pessoas estão lendo).

Ficou acertado assim: eu não vou falar mais sobre ele. Acontece que revisitei posts antigos e o encontrei em muitas palavras. Isso me trouxe uma certa inquietação. Era tudo tão mais leve e bonito. Será que esse incômodo (por parte dele) também estava lá e eu nunca notei?

Acho que esse post é um suspiro abafado. (algo que não deveria ter sido escrito).

[Só preciso dizer que as palavras mais bonitas de amor escrevi pra você. Importante que não esqueça]

Agora, vou tentar seguir uma nova linha. Algo que venho testando... Vou continuar escrevendo sobre filmes.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Sobre amor, carros e perdas

Meu pai sempre teve um zelo extremo com os carros que possuiu. Nunca entendi bem, tanto amor por uma máquina. Hoje, com meu "pretinho" compreendo melhor essa ligação. Mas confesso, sou um pouco descuidada.  Aos domingos acordo e vejo meu carro limpinho. Zelo do meu pai. Amor que passa de filha pra carro.
...

Bem, comecei  a escrever sobre o carro porque ele foi uma das melhores coisas que conquistei com o meu emprego da universidade. Emprego que estou prestes a perder. São tempos difíceis.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Pessimista, eu??


Lembro de sua mania de querer me fazer rir quando não tenho vontade. Com os dois dedos da mão mira os dois cantos da minha boca e os suspende, na tentativa de um smile. Sabe, às vezes isso é chato. Bonito é o natural. [E você nem precisa de esforço para me fazer sorrir].

Confunde tudo, me vê como uma pessoa pessimista na maior parte do tempo... Às vezes só estou triste, carente ou ansiosa. [Nota: quando estou ansiosa eu fico surtada]. Você não sabe diferenciar esse sentimento e exageros, do pessimismo em si.

A idéia que faço de uma pessoa pessimista é a de alguém que não enxerga beleza em nada. É um derrotado por natureza, porque não sabe o que é esperança. Definitivamente eu não sou assim. 

sábado, 3 de abril de 2010

Dedos nervosos sob o teclado

Já passa de uma hora da madrugada. É sábado, ao contrário da música não esperei muita coisa de hoje. Estou sozinha, ou melhor, quase sozinha... Tenho tantos pensamentos, planos inconfessáveis, uma pequena irritação e uma dor que não vai embora. Não, não é dor física.

Hoje eu fui ao supermercado e senti uma inquietação estranha, andava sem notar nada, apertava as mãos uma contra a outra, como se quisesse sentir que estava ali de verdade.Viva.  Senti vontade de tirar um produto debaixo daquelas pilhas imensas só pra ver o tamanho do barulho... (não, não fiz isso). Hoje, eu parei e olhei as pessoas. Me acalmou pensar como era a vida dos estranhos, tantas mulheres com filhos de colo, algumas passam nitidamente a impressão de desconforto e impaciência...

Não sei lidar com as palavras que calam. Fico tensa, como se elas estivessem prestes a explodir. As palavras que ficam muito tempo guardadas têm o 'poder'.

Hoje parei de ver um filme na metade - A festa da menina morta. Há muitas cenas desconexas de animais, ainda não entendi a intenção do diretor, mas escutar demoradamente o som de um porco sendo sacrificado é algo extremamente angustiante.Talvez não esteja com 'espírito' para ver isso.

Hoje eu chorei ouvindo uma música. Não vou dizer qual foi. Tenho meus segredos.

Amanhã já é domingo.
Uma páscoa doce, para os outros.

terça-feira, 30 de março de 2010

De volta para o passado

"Loucura de sonho naquele silêncio alheio" - Fernando Pessoa

Sorrisos misturados com cheiro de suor vieram à lembrança. Por tantos anos cruzei aqueles corredores, aprendi sobre coisas dos livros, as palavras ditas pelos professores, as amizades colegiais, descobertas doces, bagunça divertida e muitas, muitas histórias...

Estudei a vida inteira num único colégio e ontem, voltei aos bancos do mesmo lugar - o cursinho que estou fazendo para o concurso da universidade se mudou justamente para lá. É uma sensação estranha voltar ao lugar que deixei pra trás há quase 14 anos.

Minha colega ficou rindo das minhas expressões nostálgicas e do meu olhar sobre o parquinho e a placa da minha turma. “– Olha, tá aqui meu nome!”

Tudo bem, as carteiras são melhores, o quadro já não é verde escuro e há uma central de ar. Modernizou-se, mas também se esfacelou. Na minha época, o colégio era só colégio e hoje ele é muitas coisas num só endereço – colégio, auto-escola, escola de enfermagem e cursinho.

Mas olha, o parquinho continua lá. Enferrujado, mas continua no mesmo local.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Sem caprichos

Tenho ficado presa ao capricho. Possuo uma coleção de recortes de textos inacabados, esses (quase)textos nunca são tão bons ao serem relidos... Sou bastante criteriosa com as palavras, pois o que tá escrito nunca morre [mesmo que eu acione o delete ou backspace]. Se alguém leu e gravou, eis que o texto vive na imaginação de alguém, especialmente na minha...

Por isso, hoje resolvi deixar o capricho um pouco de lado. Escrevo direto no blog.

Ontem assisti o episódio "Private Lives", o mais recente da sexta temporada de House, que fala sobre a misteriosa doença de uma blogueira, que compartilha com estranhos sua vida pessoal - expõe as dores, as dificuldades do relacionamento com o marido e sua incapacidade de tomar atitudes sem a aprovação de seus leitores.
A internet faz isso, nos aproxima de estranhos e torna os que estão próximos, distantes. Toda vez que encontro alguém com quem eu falo pelo Twitter, por exemplo, e essa pessoa não me cumprimenta, eu chego e digo: "Oi, sou Iuska. Você é meu amigo no Twitter". Noto um certo desconforto de algumas pessoas, mas mesmo assim eu continuo tentando. Acho estranhíssimo cumprimentar pela internet e ignorar pessoalmente. Bizarro.

Além desse "afastamento" do mundo real, o episódio me trouxe outra reflexão: já faz algum tempo que não consigo compartilhar o sentir, e eu sinto muito... É sempre mais fácil traduzir os sentimentos através de filmes, como no post anterior. Será uma fuga? Ou auto-preservação?

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Cerejeiras em flor



A morte e a vida numa visão poética. Relações entre pais e filhos, abdicações e amor. Muito amor. É dessa forma que o filme Hanami - Cerejeiras em flor, seduz seus espectadores. Fazia tempo que não chorava tanto com um filme. Tem uma breve filosofia sobre as moscas (efêmeras),além de cenas impecáveis e inspiradoras.


Contextualizando sobre a realidade, esse filme me faz refletir sobre a vida. Sobre o que fazemos para nos sentirmos realizados, como tratamos nossos pais e como de repente, pode ser tarde demais para ter uma atitude mais digna. É um gosto amargo esse do arrependimento diante do irreparável. O fato é que tudo pode mudar de repente... 


Como ultrapassar os abismos que nos separam de quem amamos? 

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Preciosa

Depois de um hiato de três meses sem ir ao cinema, minha escolha, diante de tantas opções, foi por "Preciosa". Fiquei em silêncio após o filme, refletindo sobre as cenas e só hoje, após dois dias, consigo escrever.
Que lindo esse filme. A forma que temas tão doloridos como exploração sexual, incesto, violência doméstica e pobreza são retratadados é absolutamente impressionante. De uma dignidade avassaladora.

Clareece Precious agora faz parte de uma seleta lista de personagens inesquecíveis. Está junto com Amelie Poulain, Forrest Gump, Alice, Ed Bloom, Claire Fisher e tantos outros especiais...

Preciosa é uma sonhadora. O cinema não é mero divertimento.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Brincando com traumas

Isso não é coisa que se faça. Brincar com traumas é como despertar o medo que está escondido no subconsciente e convidá-lo para rir da tua cara.
Eu tenho ÓDIO agora. Tenho ÓDIO das risadas imbecis que seriam incapazes de escutar os gritos silenciosos que ecoavam dentro de mim. Meu monstro despertou.
Preciso exorcizar fantasmas.

domingo, 31 de janeiro de 2010

Sob Medidas



Pelas manhãs, a distância da casa ao trabalho, dependendo dos sinais de trânsito, dura o tempo de duas músicas - mas não completaria uma Kashmir. Tudo se torna mais breve quando se escuta música. E assim, sonoramente, fui me acostumando a contar a distância dessa forma, pelo tempo das canções.
Sabe, eu não sei meu tipo sanguíneo. Já fiz testes em feiras de ciências, mas é algo que não guardei na memória. Sei que é irresponsável, eu preciso lembrar de procurar saber disso. Também não costumo verificar meu peso, sei que preciso pensar nisso quando as calças jeans apertam, são elas que me dizem para fechar a boca. Não adiantam as outras pessoas falarem, só escuto minhas calças.
Medida da tristeza: quase diariamente vejo cenas de velório. Estaciono sempre ao lado daquela igrejinha bonitinha e que abriga tantas dores. Recentemente vi uma moça que chorava tanto, encostada na parede da Igreja, ela era consolada por um rapaz. Essa tristeza, pelo que não tem volta, é tão dolorida... dói nos meus olhos, só de ver.
A medida do entusiasmo pode estar numa coisa simples, em algo pequeno que se torna grande quando todos acreditam. Inspirada na frase famosa do Glauber eu diria que "140 caracteres na rede e muitas ideias em comum, podem fazer a diferença". Assim nasceu o movimento #CINEMAJA #Mossoro no Twitter, e depois o blog. Pode parecer utopia fazer um movimento em prol de um cinema, mas como diriam os jovens de Edukators “Todo coração é uma célula revolucionária”.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Delicadeza




Numa vida passada me vesti de fantasias e saí distribuindo sorrisos e colorindo letras, juntandotodas em forma de poesia. Nem ligava se não havia rimas, não me importava ser piegas. Não saber direito das coisas me proporcionava grandes descobertas. Me encantei, desde cedo, pela palavra 'delicadeza'. Achava que ela tinha origem francesa e pra mim, a França devia ser o lugar mais belo do mundo. [Não sei se ainda creio nisso... em todo caso, continuo sem saber].

No carnaval da minha infância, eu enchia a roupa de lantejoulas, o corpo de purpurina... Picava papel e enfeitava o rosto com estrelinhas e corações brilhantes. Lembro das matinês no clube da praia, o discurso de sempre "Não chegue perto da piscina". Recolhia do chão o papel picado junto com areia, pegava um restinho de serpentina que alguém jogou mas não se desmanchou por completo. Lá em casa minha mãe não comprava confete, nem serpentina [dizia: "Pra quê gastar dinheiro com papel pra jogar fora"], eu não cobrava, mas achava bonito. Também fabricava meus colares havaianos cortando canudo colorido e rosas de plástico. Claro, me tornava fantasma com tanta maisena no rosto.

Nota: Fiquei nostálgica olhando essa foto da Marialu. Deu uma saudade.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Adorei CTRL C + CTRL V



A Cinderela espanhola do século 21 percebe que era uma mulher maltratada pela madrasta e suas irmãs, abandonada pelo pai, forçada a estar magra para caber em roupas de tamanho 38 e que o príncipe, depois que se tornou seu marido, era um mandão e eterno insatisfeito.

No livro "La Cenicienta que no Queria Comer Perdices" (a Cinderela que não queria comer perdizes), a renovada Gata Borralheira ainda se reencontra com suas amigas princesas que também estão em nova fase e com outros personagens de contos clássicos que decidem mudar de vida.

A Bela Adormecida explica como acordou sozinha, Branca de Neve sai da depressão, deixa o Prozac (remédio ansiolítico) e resolve se bronzear até ficar morena.

Veja mais AQUI

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Velório e terremoto

Coração que mal cabe no peito. Há de ser grande e forte para aguentar os trancos.
Olho ao lado e vejo que masoquismo da menina moderna e transgressora é ser Amélia (vai entender?). Sempre soube que tudo era fantasia. A rebeldia se torna demodê perto dos 30.

Teve terremoto no RN e no Haiti. A terra sacudiu forte e levou gigantes. O país lamenta a morte de Zilda Arns, muitos irão conhecê-la agora. Sempre admirei a força de seus ombros. É triste imaginar a grandeza desabando.

Quase todos os dias vejo cenas de velório. Estaciono o carro perto de uma igrejinha que abriga defuntos e famílias desoladas. Às vezes me toma um pensamento egoísta quando me aproximo e vejo a movimentação [xiii morreu gente de novo, será que vou conseguir vaga de estacionamento? (parece frio, mas se torna comum quando faz parte do seu cotidiano)]. O morto de hoje não foi muito prestigiado, tinha pouca gente em seu velório. Pouca gente em velório é triste...

Ouço barulho de ursos na rua (moleques vestidos em farrapos, com máscaras e batendo tambor). Acreditem, essa é a expressão mais forte do não-carnaval da minha terra.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Ano novo

Não fiz minhas listas, fui pra longe, pra muito longe... Olhos vidrados num céu repleto de luzes. Temi os fogos tão próximos e que se desmanchavam em sons e brilhos multicolores. Vi beleza e risco. Pessoas enchendo a cara, escutando música ruim e exaltando a felicidade pelo início de um novo ciclo. O celular sem sinal. Sem sinal de proximidade. Preferi a distância... fui me buscar longe e de certa forma me encontrei.

É um novo ano, eu sei.
Deveria existir esse vigor que enxergo nas pessoas. Mas o que vejo é uma esperança requentada de dias melhores. Prefiro sorver ideias novas, como prefiro o café fresco recém tirado da chaleira. Esse sim tem mais sabor. Prefiro o conservadorismo com ar novo, do que a novidade que logo será esquecida.

Sou antiquada, eu sei.