Desatinos...

Este é o meu terceiro lar, meu refúgio... Onde juntoletras e tento traduzir sentimentos. É um lugar de saudade, pois sempre falo com uma certa dose de nostalgia, na verdade sou um pouco antiquada com ares de pós-moderna...

domingo, 31 de janeiro de 2010

Sob Medidas



Pelas manhãs, a distância da casa ao trabalho, dependendo dos sinais de trânsito, dura o tempo de duas músicas - mas não completaria uma Kashmir. Tudo se torna mais breve quando se escuta música. E assim, sonoramente, fui me acostumando a contar a distância dessa forma, pelo tempo das canções.
Sabe, eu não sei meu tipo sanguíneo. Já fiz testes em feiras de ciências, mas é algo que não guardei na memória. Sei que é irresponsável, eu preciso lembrar de procurar saber disso. Também não costumo verificar meu peso, sei que preciso pensar nisso quando as calças jeans apertam, são elas que me dizem para fechar a boca. Não adiantam as outras pessoas falarem, só escuto minhas calças.
Medida da tristeza: quase diariamente vejo cenas de velório. Estaciono sempre ao lado daquela igrejinha bonitinha e que abriga tantas dores. Recentemente vi uma moça que chorava tanto, encostada na parede da Igreja, ela era consolada por um rapaz. Essa tristeza, pelo que não tem volta, é tão dolorida... dói nos meus olhos, só de ver.
A medida do entusiasmo pode estar numa coisa simples, em algo pequeno que se torna grande quando todos acreditam. Inspirada na frase famosa do Glauber eu diria que "140 caracteres na rede e muitas ideias em comum, podem fazer a diferença". Assim nasceu o movimento #CINEMAJA #Mossoro no Twitter, e depois o blog. Pode parecer utopia fazer um movimento em prol de um cinema, mas como diriam os jovens de Edukators “Todo coração é uma célula revolucionária”.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Delicadeza




Numa vida passada me vesti de fantasias e saí distribuindo sorrisos e colorindo letras, juntandotodas em forma de poesia. Nem ligava se não havia rimas, não me importava ser piegas. Não saber direito das coisas me proporcionava grandes descobertas. Me encantei, desde cedo, pela palavra 'delicadeza'. Achava que ela tinha origem francesa e pra mim, a França devia ser o lugar mais belo do mundo. [Não sei se ainda creio nisso... em todo caso, continuo sem saber].

No carnaval da minha infância, eu enchia a roupa de lantejoulas, o corpo de purpurina... Picava papel e enfeitava o rosto com estrelinhas e corações brilhantes. Lembro das matinês no clube da praia, o discurso de sempre "Não chegue perto da piscina". Recolhia do chão o papel picado junto com areia, pegava um restinho de serpentina que alguém jogou mas não se desmanchou por completo. Lá em casa minha mãe não comprava confete, nem serpentina [dizia: "Pra quê gastar dinheiro com papel pra jogar fora"], eu não cobrava, mas achava bonito. Também fabricava meus colares havaianos cortando canudo colorido e rosas de plástico. Claro, me tornava fantasma com tanta maisena no rosto.

Nota: Fiquei nostálgica olhando essa foto da Marialu. Deu uma saudade.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Adorei CTRL C + CTRL V



A Cinderela espanhola do século 21 percebe que era uma mulher maltratada pela madrasta e suas irmãs, abandonada pelo pai, forçada a estar magra para caber em roupas de tamanho 38 e que o príncipe, depois que se tornou seu marido, era um mandão e eterno insatisfeito.

No livro "La Cenicienta que no Queria Comer Perdices" (a Cinderela que não queria comer perdizes), a renovada Gata Borralheira ainda se reencontra com suas amigas princesas que também estão em nova fase e com outros personagens de contos clássicos que decidem mudar de vida.

A Bela Adormecida explica como acordou sozinha, Branca de Neve sai da depressão, deixa o Prozac (remédio ansiolítico) e resolve se bronzear até ficar morena.

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quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Velório e terremoto

Coração que mal cabe no peito. Há de ser grande e forte para aguentar os trancos.
Olho ao lado e vejo que masoquismo da menina moderna e transgressora é ser Amélia (vai entender?). Sempre soube que tudo era fantasia. A rebeldia se torna demodê perto dos 30.

Teve terremoto no RN e no Haiti. A terra sacudiu forte e levou gigantes. O país lamenta a morte de Zilda Arns, muitos irão conhecê-la agora. Sempre admirei a força de seus ombros. É triste imaginar a grandeza desabando.

Quase todos os dias vejo cenas de velório. Estaciono o carro perto de uma igrejinha que abriga defuntos e famílias desoladas. Às vezes me toma um pensamento egoísta quando me aproximo e vejo a movimentação [xiii morreu gente de novo, será que vou conseguir vaga de estacionamento? (parece frio, mas se torna comum quando faz parte do seu cotidiano)]. O morto de hoje não foi muito prestigiado, tinha pouca gente em seu velório. Pouca gente em velório é triste...

Ouço barulho de ursos na rua (moleques vestidos em farrapos, com máscaras e batendo tambor). Acreditem, essa é a expressão mais forte do não-carnaval da minha terra.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Ano novo

Não fiz minhas listas, fui pra longe, pra muito longe... Olhos vidrados num céu repleto de luzes. Temi os fogos tão próximos e que se desmanchavam em sons e brilhos multicolores. Vi beleza e risco. Pessoas enchendo a cara, escutando música ruim e exaltando a felicidade pelo início de um novo ciclo. O celular sem sinal. Sem sinal de proximidade. Preferi a distância... fui me buscar longe e de certa forma me encontrei.

É um novo ano, eu sei.
Deveria existir esse vigor que enxergo nas pessoas. Mas o que vejo é uma esperança requentada de dias melhores. Prefiro sorver ideias novas, como prefiro o café fresco recém tirado da chaleira. Esse sim tem mais sabor. Prefiro o conservadorismo com ar novo, do que a novidade que logo será esquecida.

Sou antiquada, eu sei.