Não tinha máquina à mão, mas minhas retinas fotografaram aquele momento. Revelo e gravo na memória. Você dirigia em silêncio, o sol ainda fraco refletia em seu rosto uma cor amarela tão bonita - era você radiante e triste.
Coloquei a mão em sua nuca, fiz carinho... Você sorriu e disse "É capaz de eu diminuir a velocidade só pra você ficar me fazendo cafuné".
Cheguei atrasada. Correria, pé doendo, fura fila, outra fila... Se tivesse atrasado um minuto perderia aquele vôo. [ah, o danado do cafuné]
Sentei ao lado de uma senhora falante de 61 anos. Seu rosto parecia o google maps. Ela falou: "Não sou preconceituosa com minha raça branca, mas nós envelhecemos bem mais rápido que os negros".
Tirei os óculos escuros e fiquei atenta a seu comentário. Em seguida, me falou dos cremes que usava em vão e seu sonho em fazer uma plástica.
A vaidade daquela velhinha fazia um longo caminho entre os traços marcados de seu rosto.. logo esse blablá me fez colocar os óculos no rosto.
Cheguei.
Na minha mala estava escrito numa etiqueta gigante - "Última de BSB a Fortaleza". Foi uma das primeiras a passear pela esteira. [lembrei do clichê "os últimos serão os primeiros"].
Outra correria rumo à rodoviária.
Mala pesada, taxista velhinho que dirigia a 20 Km/hora... Eu pensava "vai que é para você perder o ônibus de 13h... vai que ocorre um acidente com ele..". Não reclamei.
Ônibus na plataforma, três minutos para sair.
Eiiiiiiiiiiiiiiiiii eu vou nesse busão.
Consegui.
Cheguei.
Não acredito.
Ufaaa
Valeu à pena o cafuné?
Um comentário:
Valeu a pena o cafuné!
Foram muitos anos de "cafunés e correrias" de ambos dos lados..
Mas nossa recompensa esta chegando ao nosso alcance..
Beijos e tiamo
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